A música erudita, apesar de ser disseminada, não consegue se popularizar completamente em Pernambuco. O que, afinal, a torna tão inacessível?
Pelas ruas do Recife, é comum se ouvir músicas que variam do axé ao forró, do brega ao funk, da MPB ao sertanejo. Com o merecido título de cidade multicultural, a capital pernambucana se mostra aberta à ampla diversidade de estilos musicais. Mas em meio a tantas formas de expressão, a música erudita atua com timidez, atingindo apenas uma pequena parte da população. No fim das contas, o que a torna tão pouco disseminada?
Segundo o Dicionário Grove de Música, música clássica é “música que é fruto da erudição e não das práticas folclóricas e populares”. Tal arte é convencionada, segue estruturas rígidas, não abrindo margens para intervenções exteriores. Diante disso, há quem diga que esse estilo restrito não combine com a cultura brasileira, que preza pela liberdade e por sua constante renovação.
No entanto, a real resposta não vem de agora. A história mostra que, na Europa, durante séculos, o estilo clássico era sinônimo de status. Aprender um instrumento e apresentar as aptidões artísticas em grandes saraus e festas fazia parte da nobreza europeia. A música erudita chegou a Pernambuco durante período holandês, com Maurício de Nassau. Era o estilo musical consumido pela Corte Real da Holanda.
No entanto, após a revolução industrial, a burguesia tomou o poder e os novos ricos começaram a patrocinar as artes, o que fez o clássico perder força para o popular. Em 1930, o Conservatório Pernambucano de Música viria a ser um dos principais — e poucos — pontos de resistência do eruditismo musical no Estado.
De acordo com Lanfranco Marcelletti, regente da Orquestra Criança Cidadã, muitas famílias ricas pernambucanas fizeram o caminho oposto ao dos antepassados e perderam o interesse de incentivar as artes. “A classe A pernambucana não tem uma educação ligada à cultura erudita. Já as camadas mais baixas, surpreendentemente, estão se sobressaindo e entrando nos conservatórios”, afirma o maestro.
Na opinião do regente, o principal motivo de a música clássica ainda ser sufocada pela popular é o incentivo. “Pernambuco é muito cultural, e a música popular garante um alcance maior. A mídia também está mais interessada nos estilos populares e não divulga muito a música clássica. Infelizmente, também é preciso educação de qualidade para formar o público que vai consumir esse tipo de arte”, diz ele.
Para Lanfranco, a realidade da música clássica do Estado só vai mudar quando o Governo entender que faz parte do processo cultural investir na música e nas artes. “Quem decide o que é importante é o povo, e com a criação de projetos que incentivem a música erudita, vamos criar a nova classe que vai apreciar e valorizar esse estilo musical, independente de estabilidade financeira”, conclui.
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