Os problemas pessoais e familiares do compositor não impediram que um grande talento se revelasse
Nascido em Liechtental, subúrbio vienense, em 1797, Franz Seraph Peter Schubert foi um dos maiores representantes da música clássica do século XIX. Durante uma infância pacata, aprendeu a tocar violino e piano dentro de casa com o pai e o irmão e, aos oito anos, foi encaminhado a Michael Holzer, organista da paróquia de Liechtental para desenvolver os estudos de música. Era início do século XIX, e já surgia a grande paixão e o destino de Schubert: a música.
A voz de soprano lhe garantiu uma bolsa de estudos em Stadtkonvikt, um dos melhores colégios de Viena, espécie de conservatório e escola em regime de internato, onde estudou até os 16 anos. Saindo do conservatório, foi lecionar na escola onde o pai era professor. Naquela época, já havia começado a compor as primeiras obras, como o lied Hagars Klage e a Primeira Sinfonia em Ré Maior.
Aos 18, sua dedicação quase exclusiva à música contrariou o pai, que planejava um futuro de funcionário público ou professor para o jovem artista. A música não deveria ser mais do que um passatempo. Schubert, então, saiu de casa, deixou o emprego e foi morar com alguns amigos boêmios, que admiravam a habilidade do compositor. Passou a dedicar as manhãs à elaboração das músicas e as tardes e as noites aos encontros com os amigos. Ele bebia muito, mas ninguém o via embriagado. Por esse tempo, já tinha escrito cerca de 200 músicas.
Schubert foi apresentado ao conde Johann-Karl Esterhazy, que o convidou para ser professor de suas duas filhas, Marie e Caroline, no seu castelo. E assim foi por dois anos, quando o autor cansou da vida no campo e voltou para Viena. Iria viver, a partir de então, de sua habilidade artística, o que não lhe renderia grandes lucros financeiros, até porque não sabia administrar o que ganhava ou lidar com os negócios.
O musicista parecia levar duas vidas distintas; uma terrena e pobre, mas alegre, e outra divina ou sobreterrena, rica, mas melancólica, de onde brotaram em abundância as melodias da alma. Havia, entre seus amigos artistas, como o pintor Moritz Von Schwind, funcionários sem importância que escreviam poemas, cantores ou simples burgueses; mas todos eram unidos por um extraordinário entusiasmo pela música e pelo afeto a Schubert — com o instinto dos amantes da música, pressentiram seu gênio.
OBRA
Schubert escrevia de tudo: sinfonias, sonatas, peças para pianos e óperas, mas se tornou um mestre do lied, a canção lírica, gênero de origem alemã que se inspira na literatura. Muitas das composições dele são releituras musicadas de textos de Goethe, Schiller, Richerter, Novalis, Keist, Holderlin, Mayhofer, Shakespeare e Heinrich Heine, entre outros. Com isso, através de sua habilidade, Schubert transformava simples textos na expressão musical de seus próprios sentimentos, e o resultado geralmente agradava a todos.
“Eu destacaria a total reformulação da forma das canções (lieder), a inventividade melódica incomum e o equilíbrio na música escrita por Schubert como seus destaques. A facilidade ao escrever música e a capacidade de escrever bem tanto música vocal quanto instrumental são outros pontos fortes. Como muitos, Schubert não teve reconhecimento em sua época, mas a sua obra volumosa e diversificada ofereceu material para diversos intérpretes”, comenta Sérgio Barza, professor do Conservatório Pernambucano de Música há 13 anos e regente da Orquestra Sinfônica Jovem do Conservatório.
Entre os 14 e os 31 anos, Schubert compôs cerca de 600 lieder, nem todos auxiliados de poesias de grandes artistas. Há muitos nomes lembrados hoje apenas por estarem ligados à música dele. Para Aline Lima, maestrina-assistente da Orquestra Criança Cidadã e mestre em Musicologia pela Campbellsville University (EUA), “muito do que restou de sua fama se deve ao tratamento dado ao lied alemão, trazendo este para a condição de canção artística e, assim, fazendo da canção de arte um dos primeiros veículos dos compositores do Romantismo alemão. As texturas inovadoras de Schubert e sua síntese do texto e da música determinaram uma nova fase do lied europeu para o resto do século XIX”.
Segundo relatos da época, Schubert escrevia como que em transe, em qualquer lugar, a qualquer hora. Mesmo durante a noite: dormia de óculos para anotar mais rápido as ideias que tivesse. Apesar de escrever belas canções, nunca se destacou escrevendo óperas. A mais popular foi apresentada 12 vezes. As sinfonias, então, não chegaram sequer a serem apresentadas durante sua vida. O próprio manuscrito de Inacabada foi encontrado, por acaso, 43 anos depois de sua composição. Schubert pouco se importava com o que escrevia. Frequentemente esquecia manuscritos em bancos de jardim, casas de amigos, tavernas ou em qualquer lugar que estivesse.
O compositor, durante toda a vida, jamais desfrutou de fama. Mesmo nos dias atuais, ele não é tão conhecido popularmente como Beethoven. Não obstante, sua contribuição à música é quase tão importante quanto à de Mozart e Beethoven. Aliás, pode-se considerar a música de Schubert como uma perfeita transição, uma ponte, entre os dois compositores. Era herdeiro do classicismo de Mozart, mas tinha já o espírito de renovação do Romantismo.
No dia 19 de novembro de 1828, Schubert morreu de tifo, com apenas 31 anos. Seu corpo foi enterrado no cemitério de Währing e, em 1888, foi trasladado ao cemitério central de Viena.
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