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Orquestras para todos os gostos

Por trás das diversas manifestações da música, que encantam o público por passear entre o popular e o erudito, existem estruturas específicas de orquestra para dar o tom exato a cada composição. Em Pernambuco, a diversidade de gêneros musicais – frevo, maracatu, caboclinho, cavalo-marinho, entre outros – incentiva músicos a quererem misturar, transformar e, sobretudo, propagar novos sons. Mas também persiste o gosto pela música clássica e pelas obras que marcaram épocas, que fogem ao termo erudito. As três orquestras que aqui serão mostradas possuem estilos distintos de repertório, mas conquistam admiradores por onde quer que se apresentem.

A vivência da Orquestra Popular do Recife
A Orquestra Popular do Recife (OPR), que está na ativa há quase 40 anos, é uma das maiores difusoras do frevo e dos demais ritmos nordestinos. Idealizada por Ariano Suassuna, foi pioneira em pesquisa e transcrição de gêneros tradicionais, dando início às suas atividades em 1975. Em suas apresentações são contemplados os mais variados gêneros nordestinos – como maracatus, caboclinhos, cirandas, etc. –, mas é através do frevo (em suas variações: frevo canção, de bloco e, em especial, o de rua), que a Orquestra Popular adquire sua mais forte representatividade.

Convidado por Ariano em 1977 para assumir a regência da Popular, o maestro Ademir Araújo, o Formiga, diz que a intenção era “criar uma orquestra que pudesse trabalhar durante o ano todo, porque existe um formato (no imaginário popular) de orquestra que só toca no Carnaval”. A OPR tinha uma programação didática, divulgando o resultado de um trabalho de pesquisa, cujo objeto de estudo eram as composições populares da região. A Orquestra se apresentou em diversas comunidades do Recife e, muitas vezes, acompanhada pelo Balé Popular do Recife. Desde a década de 90, atua na Frevioca nos Carnavais com repertórios recheados, que vão do frevo ao caboclinho.

Quanto ao formato da orquestra, Ademir afirma que “muda de acordo com a apresentação”. Basicamente, são cerca de 20 músicos (cinco saxofones, quatro trompetes, quatro trombones, quatro percussões, um flautín, uma tuba e um baixo elétrico, fora eventuais arranjos). Músicos não exclusivos e que não têm uma rotina de ensaios: tudo fica a critério dos eventos.

As apresentações da Orquestra Popular do Recife não se restringem nem ao Carnaval nem a Pernambuco. Estiveram em outras capitais do Nordeste e do Brasil (Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília), e fora do país (Alemanha, Bélgica, Cuba). A OPR mostra o seu som em concertos solo ou acompanhada pelo cantor Claudionor Germano. Mas os espetáculos já proporcionaram grandes encontros: desde Luiz Gonzaga a Lenine. Artistas e bandas da cena musical pernambucana mais recente, como Nação Zumbi, Eddie, Siba e China também dividiram palco com a Popular – fato que sela a união entre o tradicional e o novo.

Música Clássica em Pernambuco: A Sinfônica Jovem
A única orquestra sinfônica a se apresentar regularmente no Estado é a Orquestra Sinfônica Jovem, do Conservatório Pernambucano de Música (CPM). Desde 2006, o grupo apresenta seu repertório no projeto Circuito Sinfônico, que chega à oitava temporada este ano. Sob a regência do maestro José Renato Accioly, a orquestra comporta a formação básica de instrumentos (cordas, madeiras, metais e percussão) distribuída num número expressivo de músicos – na última temporada apresentaram-se 78 jovens entre 14 e 28 anos.

A Sinfônica Jovem foi criada para dar oportunidade de formação a novos músicos e também incentivar a criação de um público específico, que, com maior acesso a obras clássicas, pudesse ter visão e opinião mais críticas e próprias acerca das sinfonias. “Os jovens têm mania de achar que música clássica é careta, é música velha feita por e para velhos. Mas não é assim. Música clássica é como cinema, cada obra com uma finalidade: divertir, emocionar, fazer pensar”, explica José Renato.

Na Sinfônica Jovem, o instrumentista tem a oportunidade de aprimorar sua formação individual, bem como a experiência de fazer parte de uma orquestra profissional. Mas se engana quem pensa que a Sinfônica Jovem só toca obras clássicas. Há também os encontros que unem os acordes da Jovem com a cultura popular, como o convite especial para dividir o palco com Dominguinhos, durante o Festival de Inverno de Garanhuns em 2010, e a experiência com o Quinteto Violado. “Pra tocar o popular chamamos um compositor arranjador para dar ao sinfônico a roupagem de popular”, conta José Renato. Esse contato é ainda mais expressivo no projeto Pernambuco Sinfônico, com a proposta de divulgar a música sinfônica em Pernambuco, com um toque popular. A única edição até então, ocorrida entre os meses de junho e agosto em 2011, homenageou Clóvis Pereira e mostrou a força que tem essa mistura de ritmos.

Ao todo, nas andanças da Orquestra Sinfônica Jovem entre o clássico e o popular desde sua fundação, o grupo já realizou 132 concertos oficiais. Fora esses, a conta sobe para mais de 200. “A Orquestra só não tocou em enterro, mas em igrejas de toda a ordem, Clube das Pás...”, brinca Accioly, apontando que música clássica não diz respeito apenas ao que é velho e triste, mas que sabe se adaptar às diferentes realidades e encarar novas empreitadas, trazendo, como porta-estandarte, as harmonias eruditas.

Caso específico: Orquestra de Baile
Casamentos, formaturas, eventos corporativos. São essas as ocasiões que marcam o calendário de concertos de uma orquestra de baile, a exemplo da Fascinação, uma das mais atuantes em Pernambuco. Com mais de dez anos de atividade, já foi chamada para eventos em Petrolina, João Pessoa, Campina Grande e Fortaleza. Embora realize vários eventos, o seu ponto forte são formaturas e shows de grande porte, como apresentações, por exemplo, no Chevrolet Hall. Além de entoarem canções emblemáticas, esse gênero de orquestra investe bastante no visual, como em cenários de época e até, em festas temáticas, com covers de artistas famosos, incluindo a participação de dançarinos.

Em relação ao repertório de uma orquestra de baile, as opções consistem em músicas que fizeram sucesso, segundo Genilson Pontes, diretor musical da Fascinação. “São músicas populares de antigamente, americanas, brasileiras, MPB, boleros, folks. As chamadas músicas eternas”, que são interpretadas com arranjos originais da própria orquestra. Fora o básico, a Fascinação busca adequar o repertório às exigências da modernidade. “Tem noiva que diz que não quer brega de jeito nenhum. Outra noiva, que vai se casar com um baiano, pede mais música baiana”, comenta Genilson. Em cada vez, há sempre uma equipe que acompanha a festa e observa o tipo de público presente para sentir o clima do show. E esse fator pode redirecionar as músicas, que, normalmente, são divididas em blocos (de acordo com cada momento da festa).

Apesar dos preparativos, sempre há aqueles convidados que fazem pedidos que fogem do programado. Para se atualizar e dar conta dessas surpresas, Genilson comenta sobre o uso diário da Internet para conhecer os sucessos instantâneos. “Quando lançam uma música na Internet no meio da semana, é certeza que vão pedir na próxima festa”, afirma. Esses sucessos instantâneos são apresentados com arranjos simples, tais como geralmente são os originais.

A Fascinação, bem como qualquer orquestra de baile, possui cinco músicos base, responsáveis por bateria, contrabaixo, guitarra, teclado e percussão. A parte de metais são cinco pessoas: dois saxofones (alto e tenor), dois trompetes e um trombone. Somado a isso, três cantores: duas vozes femininas e uma masculina. Genilson afirma que, em sua maioria, são profissionais autodidatas, o que é comum nesse tipo de formação de grupo, principalmente entre os músicos dos instrumentos base da orquestra.

O dia a dia de uma orquestra de baile, a exemplo da Fascinação, é bem distinto em função da demanda de apresentações. Genilson Pontes, diretor musical da orquestra, afirma que a orquestra se encontra semanalmente, para ensaiar no estúdio. Embora as temporadas de dezembro-janeiro e julho sejam as mais movimentadas, a orquestra faz show sempre. E os eventos, que eram apenas dia de sexta e sábado, já têm a quinta também como dia de festa. Carnaval e São João são festividades que deixam o calendário da orquestra mais leve, o que de alguma forma ajuda nas agendas individuais dos músicos e cantores da orquestra. “Não são profissionais exclusivos. Tocam com Elba Ramalho, Alceu Valença, Silvério Pessoa...”, comenta Genilson.

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